Memorização para Estudantes com TDAH

TDAH e Memória de Trabalho: Como o Treinamento Cognitivo Pode Transformar a Aprendizagem

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma das condições neurodesenvolvimentais mais comuns na infância, caracterizada por níveis inadequados de desatenção, hiperatividade e impulsividade que comprometem o funcionamento social, acadêmico e ocupacional. Trata-se de um distúrbio crônico e heterogêneo, cuja prevalência global é estimada em 7,2% entre crianças e adolescentes, variando entre 2% e 5% na população adulta. Diversos fatores etiológicos estão associados ao TDAH, incluindo predisposição genética, exposição pré-natal a substâncias, estresse gestacional, prematuridade e baixo peso ao nascer.

A ocorrência do TDAH é maior em meninos, com uma razão de aproximadamente 2 a 4 meninos para cada menina diagnosticada, possivelmente em virtude da maior visibilidade dos comportamentos hiperativos. Nas meninas, observa-se com mais frequência o subtipo predominantemente desatento. Embora tradicionalmente considerado um transtorno infantil, estudos demonstram que a maioria dos indivíduos diagnosticados continua a apresentar sintomas na adolescência e na vida adulta, acarretando prejuízos significativos como baixo desempenho escolar, dificuldades de socialização, comportamentos de risco, dependência química e instabilidade profissional.

O diagnóstico do TDAH ainda representa um desafio, dada a inespecificidade dos sintomas e a frequente presença de comorbidades, como transtornos de ansiedade, depressão, autismo, transtorno opositor desafiador e transtorno de conduta. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o TDAH pode se manifestar nas formas predominantemente desatenta, predominantemente hiperativa/impulsiva ou combinada. Para o diagnóstico, é necessário que os sintomas persistam por pelo menos seis meses e causem prejuízos em dois ou mais contextos, como casa e escola.

O tratamento do TDAH envolve, em grande parte, o uso de medicamentos psicoestimulantes, especialmente o metilfenidato, que atua aumentando a disponibilidade de catecolaminas e, consequentemente, melhorando o funcionamento cognitivo. Entretanto, esses fármacos podem ocasionar efeitos colaterais como insônia, perda de apetite e redução de peso, o que motiva a busca por abordagens complementares ou alternativas. 

Nesse contexto, intervenções não farmacológicas, como treinamento da memória de trabalho, têm sido exploradas com resultados promissores.

A memória de trabalho é componente essencial das funções executivas que desempenha papel central nos déficits cognitivos observados em indivíduos com TDAH. O aprimoramento dessa habilidade por meio de intervenções cognitivas computadorizadas apresenta potencial como tratamento adjunto, capaz de promover ganhos cognitivos adicionais e reduzir a dependência de medicamentos. 

Assim, compreender os mecanismos subjacentes à memória de trabalho e seu treinamento é fundamental para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas voltadas ao manejo eficaz do TDAH.

Referência: AL-SAAD, Maha Saleh Habsan; AL-JABRI, Basma; ALMARZOUKI, Abeer F. A review of working memory training in the management of attention deficit hyperactivity disorder. Frontiers in Behavioral Neuroscience, v. 15, p. 1–15, 2021.

Lelê

Oi, sou a Lelê! Licenciada em Pedagogia e Educação Especial e Especialista em Educação Especial Inclusiva. Dedico minha vida ao conhecimento. Aqui é o meu espaço para compartilhar dicas e macetes sobre memorização com foco em estudantes com dificuldades de aprendizagem. Espero que goste :) Ahh... e não esqueça de assistir à aula GRATUITA sobre Memorização de Estudos do Professor Renato Alves neste link: https://estudarememorizar.com.br/memorizacao-de-estudos/

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